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FUNDAMENTOS – FUNDAMENTAL 1 – 1º ao 5º ano

        Concebemos neste segmento a construção progressiva e diversificada do conhecimento, no qual o currículo é baseado nos princípios educativos da escola percorrendo as áreas do conhecimento com o propósito de ampliar e aprimorar as práticas de linguagem, as relações e os conceitos matemáticos, a complexidade das ciências naturais e sociais, a apreciação e o fazer artístico, os aspectos da cultura do corpo e o conhecimento de uma segunda língua, neste caso o inglês.

        Pensando neste pressuposto organizamos o tempo e o espaço didático, potencializando a compreensão do estudante no que diz respeito a sua responsabilidade e compromisso com o ato de estudar, garantindo que ao longo da escolaridade possa ser cada vez mais autônomo, refletindo e apropriando-se de procedimentos da investigação e da pesquisa, sendo que para tal é necessário desenvolver o “pensar” sobre os acontecimentos, os fenônemos, as problemáticas sociais, os conceitos e situações cotidianas, buscando sentido para as aprendizagens, sendo este o nosso propósito maior.

        As modalidades organizativas são essenciais para desenvolver este trabalho, sendo composta por projetos, propostas e sequências didáticas, atividades permanentes e diversificadas, entre outros procedimentos.

Considerar como ponto de partida o conhecimento dos estudantes é primordial para desencadear tais propostas, pois aprender é uma ação de construção, sendo que questionar, duvidar, compartilhar, justificar, debater, avaliar, resignificar são aspectos relevantes para a formação do sujeito, tornando-se assim competente para tomar decisões, para desenvolver sua criticidade e principalmente trabalhar coletivamente, levando em conta os princípios humanos que promovem a democracia.

Compondo estes fundamentos, desenvolvemos na escola algumas práticas que permeiam toda a ação pedagógica, justificando e construindo assim nossa identidade histórica na educação.
 
CONSTRUÇÃO DE UM AMBIENTE SÓCIO MORAL.
INICIAÇÃO CIENTÍFICA.
ESTUDO DE GÊNEROS TEXTUAIS COMO APOIO DE ESTUDO.
OS PROJETOS DE ESTUDO
 
CONSTRUÇÃO DE UM AMBIENTE SÓCIO MORAL

 

        Baseados em estudos e práticas sobre este tema, o investimento inicial foi trazer à equipe pedagógica (educadores) encontros e conversas a respeito da construção da moralidade, como a criança e o adolescente passam e constroem este princípio, sendo que ao mesmo tempo dialogamos sobre as ações educativas para desencadear esta formação, tão necessária atualmente.
 
        Para educar moralmente segundo Yves de La Taille nos diz:
 
        Educar Moralmente é levar a criança a compreender que a moral exige de cada um o melhor de si, porque conhecer e interpretar princípios não é coisa simples: pede esforço, pede perseverança.” (De La Taille, 200 p. 47)
 
        Concebemos então que os adultos podem sim transformar o ambiente autocrático em um ambiente democrático, compreendendo que existem regras negociáveis e não negociáveis, saindo do respeito unilateral para alcançar o respeito mútuo, porém este percurso exige de todos, adultos e crianças, esforços para conquistar um ambiente de boa convivência, onde todos possam dialogar e contemplar uma educação para a PAZ.

A questão não é impor um determinado conjunto de normas e valores e sim realizar com os estudantes a reflexão sobre o “por que” seguir algumas normas, ou seja, cultivar as virtudes por meio das próprias razões do educando. Sair do egocentrismo e considerar o outro, garantindo o que Piaget já afirmava:

o inverso do egocentrismo na vida social é a reciprocidade e a cooperação, e no plano do pensamento é a reversibilidade”.

A tarefa então tem sido organizar um ambiente favorável à ação, à experimentação e ao intercâmbio entre os estudantes, criando situações que solicitem e encorajem a criança a pensar por si mesma, ativamente, em todos os tipos de situações que envolvam o estabelecimento de relações interpessoais positivas, baseadas no respeito mútuo.

Em nossa ação pedagógica no início do ano letivo como prática já estabelecida, conhecemos a criança, seus valores, sua disponibilidade e suas ações e sua singularidade, porém também observamos o grupo em si, como ele se caracteriza e quais seus princípios coletivos. Para tanto elaboramos com a classe um diálogo para debatermos como é este grupo, o que deseja, como está convivendo e assim construímos um texto coletivo sobre a convivência, o qual compõem o Portfólio da classe e do estudante. Conforme o contato social vai se fortalecendo, percebe-se a necessidade de conversas a respeito de alguns conflitos ou dilemas morais que acontecem no cotidiano, desta maneira vamos construindo as normas, sempre justificadas, que compõem cada turma. Quando necessário as revisitamos, para resignificá-las, bem como também elaboramos outras novas.

Acreditamos também que diante dos conflitos o estudante necessita validar seus sentimentos e também ouvir o que os outros tem a dizer, esclarecendo o problema, construindo também a reflexão, na qual a criança pode expor seu ponto de vista e também conceber o ponto de vista do outro, conduzindo a coordenar pontos de vista diferentes. Desta maneira tem a oportunidade de sugerir e ouvir ideias encontrando possíveis soluções para o conflito. Nesta dinâmica o educador deve ter uma atitude importante para conduzir tal diálogo, favorecendo assim esta construção.

Outra prática semanal para construir o ambiente sócio moral são as assembleias, momento este aguardado pelos estudantes, nas quais se organizam e conduzem diálogos para ajustarem os dilemas que acontecem no cotidiano, ressaltando que conversam sobre as ações e não sobre os autores, tendo como foco a possibilidade de encontrarem ações adequadas para uma convivência favorável. Tais encontros também são oportunidades de prepararem eventos e projetos desenvolvidos ao longo do ano letivo.

Para complementar este trabalho, neste ano, 2012, estamos buscando efetivar por meio de experiências e iniciativas os grupos de responsabilidades, desenvolvidos inicialmente no Fundamental 2 e consequentemente no Fundamental 1. 
 
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

 

         Percebemos que as crianças desde muito cedo são curiosas e desejam investigar tudo o que está ao seu entorno. Questionam, levantam hipóteses, desejam saber o “por que” dos fenômenos e muito mais. Cabe a escola ser perceptível para criar oportunidades para pensar e para discutir o pensamento. Sendo assim não dispensamos em nosso currículo momentos para tais propostas educativas, nas quais o pensamento é concebido como processos ligados a perguntas e decisões.
        
Neste processo a pesquisa deve percorrer oportunidades de pensar, bem como oportunidades para compartilhar o pensamento quando a pesquisa é feita em função de objetivos importantes em determinadas situações. Situações estas envolvidas de “sentido”, quando trazemos à tona problematizações sociais.
       
Nada mais real do que viver com as crianças experiências e projeções de pesquisa, percorrendo etapas que as levem a promover considerações sobre diferentes assuntos, bem como compreender as relações que se estabelecem entre os fenômenos e acontecimentos. Suas causas e suas consequências, sua complexidade ou simplicidade para entender o mundo.
      
Em nosso currículo abordamos a iniciação científica nas diversas áreas do conhecimento, com o propósito de articular as ciências, sendo que o estudante possa compreendê-la em sua totalidade e também em sua especificidade.
     
Com o objetivo de desenvolver a competência científica propomos aos estudantes situações problemáticas interessantes, sendo que estes devam envolver-se intelectualmente com a situação, construindo hipóteses, tomando consciência da possibilidade de testá-las, procurando relações causais e elaborando os primeiros conceitos científicos.
      
Para este desenvolver este trabalho são necessários questionamentos básicos, como: Onde vamos procurar a informação? O que temos? O que queremos saber? Quem vai procurar? O que já sabemos sobre o assunto? Como vamos organizar a informação recolhida? Como vamos comunicar o trabalho à classe ou ao público alvo? Quando irá acontecer esta comunicação? Quem fará este trabalho? E outros tantas perguntas.
      
Este é o caminho da pesquisa, colocando em prática as operações do pensamento, entre elas: comparar, resumir, observar, classificar, interpretar, criticar, ir em busca de suposições, imaginar, organizar dados, levantar hipóteses, aplicar fatos e princípios a novas situações, tomar decisões, planejar projetos, entre outras operações. Assim ensina-se a pensar e ao mesmo tempo compreende-se que a ciência é extremamente interessante quando sabemos conduzi-la.
       
Para contemplar todas estas ideias, as quais podem ser desenvolvidas em grupos menores ou com toda a classe propomos o trabalho com projetos de pesquisa que podem se transformar em excelentes propostas, as quais vão sendo construídas com os estudantes ao longo de um período.
    
Importante salientar também que os projetos contemplam estudos do meio, pensados e organizados como uma etapa desencadeadora ou contemplativa de novas possibilidades de observar os temas e conteúdos além dos muros da escola.
       
Articulado aos projetos de pesquisa trabalhamos com as crianças a construção e adequação de gêneros de apoio à pesquisa, como por exemplo: o relatório de uma experiência ou a obtenção, organização de dados obtidos após entrevistas ou uma exposição oral. Durante o período da pesquisa nos deparamos com gêneros textuais que devem acompanhá-la, porém é preciso aprimorar os elementos constitutivos de cada gênero, analisando-os e pensando sobre tal estrutura, para que as crianças possam aprimorar as práticas de linguagem. Percebe-se que neste caminho os estudantes trazem à tona dúvidas e questionamentos a respeito da produção dos mesmos, partimos então para organizar atividades para que possam pensar sobre tais produções e assim aprimorá-las.
 
 
ESTUDO DE GÊNEROS TEXTUAIS COMO APOIO AO ESTUDO

 

         Para potencializar as práticas de linguagem contemplamos com os estudantes do Fundamental 1 à aproximação com diferentes gêneros textuais para que compreendam o sentido que eles desempenham socialmente. Dedicamos para tal proposta leituras compartilhadas diariamente, entretanto efetivamos em nosso currículo atrelar alguns gêneros textuais nas séries iniciais, garantindo que durante este período escolar, os estudantes possam refletir, construir e produzir  determinados gêneros que os apóiem no ato de estudar.
     
Para este trabalho, analisamos o que os estudantes já sabem a respeito de alguns gêneros e construímos algumas sequências didáticas ou de atividades, convidando o estudante a pensar sobre as produções de outros estudantes, justificando o que pensam a respeito. Nesta dinâmica eles vão validando os conhecimentos, quando trocam experiências, e os conteúdos vão se complementando. O educador também tem uma função fundamental neste processo, saber e apropriar-se das práticas de linguagem, consolidando e institucionalizando os saberes. 
     
Com base nos Parâmetros Curriculares Nacionais e outras pesquisas, fundamentamos nosso currículo ampliando as possibilidades do ato de aprender a aprender. Sabe-se também que em toda a escolaridade, os estudantes terão a oportunidade de aprimorar estes gêneros, porém garantimos que no Fundamental 1 os estudantes possam enfrentar problemas linguísticos, debatendo sobre eles, aprimorando assim cada vez mais suas produções e não apenas no sentido de ler e escrever, mas principalmente para aprender os mecanismos do funcionamento linguístico.
 
        
PROJETOS DE ESTUDO

 

        Para construir um sentido o estudante necessita envolver-se, e nada melhor que os projetos para que possa atuar como protagonista do próprio conhecimento. Quando as crianças tem um propósito final, como por exemplo: construir um jogo para os estudantes de outra turma, recitar aos familiares algumas poesias, produzir um artigo, entre outros... pesquisas nos revelam que há uma apropriação mais efetiva dos conhecimentos, então esta modalidade organizativa tem favorecido muito nossas propostas educativas.
      
Por meio de uma problematização iniciamos esta proposta, a qual desencadeia-se em várias etapas, sempre confirmando o conhecimento dos estudantes e seus possíveis redirecionamentos. Revistar as etapas que já aconteceram e também projetar novos encaminhamentos fazem parte deste processo, bem como o que foi realizado em anos anteriores nos revelam importantes reflexões para que possamos aprimorar ainda mais os saberes.
      
Nossa intenção com os projetos tem sido articular as áreas do conhecimento, perceber sua dinâmica social com a abordagem de diversos assuntos e conteúdos, garantir o intercâmbio das informações por meio dos gêneros textuais, promover o estudo do meio com saídas pedagógicas e além de tudo evidenciar a importância da criança como mobilizadora para uma sociedade mais humana e que futuramente saiba gerenciar as tecnologias com competência, a favor do Planeta Terra.
        
Evidenciamos também a documentação pedagógica do desenvolvimento dos projetos como sendo boas propostas de análises para construir nossa identidade, justificando nossos princípios.